• 04/04/2018
  • por Resenha Politika

O Fabiano que vi crescer - Por Gilberto Lira

O Fabiano que vi crescer - Por Gilberto Lira

Eu vi um menino correndo, eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino. Um guri de 15 anos, com sandálias havaianas surradas nos pés e na cabeça, muitos sonhos. Era anos 2000 e eu já fazia jornalismo esportivo na antiga rádio comunitária Dom Bosco FM, em Cajazeiras.

Esse menino se chamava Fabiano. Foi se chegando, com suas roupas desbotadas, humilde, enrolava os fios das nossas transmissões futebolísticas no Estádio Perpetão. Naquele dia, pensei: pronto, mais um doido querendo fazer rádio.

E realmente, eu estava certo.

Já morando em Patos, onde cursei Jornalismo, me chegava as informações de Cajazeiras de que o menino Fabiano era um doido, um doido por rádio, doido por radiojornalismo. Não me surpreendi. Eu tinha visto o brilho dos olhos daquele menino antes e seu olhar atento para aprender o que fazíamos.

Eu vi e toda Cajazeiras também viu o menino correndo, pelo tempo, endoidecendo todo mundo com seu talento, coragem e ousadia. Fabiano endoideceu a forma de fazer rádio na cidade. Foi o primeiro a acreditar que era possível fazer um programa de jornalismo pela manhã nas ondas da FM, na Arapuan, e destronar o então todo poderoso programa “Bom dia, notícia”, da Difusora AM.

Vi o tempo correndo ao redor do caminho daquele menino. Em quatro anos, estreou na Arapuan de Cajazeiras e de lá para cá, a forma de se fazer rádio na Paraíba nunca mais foi a mesma.

Nem mesmo Fabiano. Nascia ali um dos mais completos comunicadores que o Estado já viu, um dos gigantes da nossa comunicação, formado pela faculdade da vida: Fabiano Gomes.

Mas o preço que se paga às vezes é alto demais, principalmente quando se ousa tanto quanto Fabiano.
Ora, quem tanto admite que um filho de uma dona de bordel, sem pai, pobre, e sem formação acadêmica chegasse a "mandar" no mais forte sistema de comunicação da Paraíba?

Quem se conforma em saber que o filho de Fátima de Alta, da Camilo de Holanda, em Cajazeiras, fosse o homem mais poderoso da comunicação do Estado nos governos Cássio II, e no Ricardo I?

Eu vi muitos homens brigando, ouvi seus gritos e a coisa mais certa de todas as coisas é que muitos não valem um caminho sob o Sol. Alguns o engolem, outros amam, e há quem odeie... Mas demoram ainda a digerir que o menino de Cajazeiras foi o primeiro a quebrar tabus, como por exemplo, ser o primeiro e único do Brasil a vencer a Globo no seu horário matutino.

Nesse nosso meio, ninguém chega ao lugar que Fabiano Gomes chegou, agradando a todo mundo. Até os seus principais desafetos o admiram. Existem aqueles que o detonam na tentativa de disfarçar o real motivo do seu ódio: dividir o mesmo ar com o gordinho lá de Cajazeiras, que todos os dias cresce pelo seu conteúdo, ousadia e coragem.
Esses são os invejosos, do ciúme, que se martirizam dia a dia, remoendo internamente: "Por que ele conseguiu e eu não?". Dessa angústia, esses transformam a inveja em ódio, mira em Fabiano. Disfarçam a sua admiração apontando-lhe os seus defeitos, que por sinal são infinitamente menores do que suas virtudes.

Por isso uma força me leva a escrever estas linhas. Fabiano é uma força estranha, poderosa, inquieta e transformadora. Por isso que escrevo este relato sobre meu amigo de infância, profundo conhecedor da história desse guerreiro e sobretudo esta voz que ganhou o Estado. Fabiano é a voz da Paraíba.

Por Gilberto Lira - Resenha Politika