• 14/10/2019
  • por Resenha Politika

Política

Crise entre Bolsonaro e PSL fortalece Maia e o Congresso

Crise entre Bolsonaro e PSL fortalece Maia e o Congresso

Principal articulador do Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem sido chamado por colegas de primeiro-ministro, tal seu poder para fazer as pautas andarem na Casa. E o seu protagonismo deve crescer ainda mais com o eventual isolamento do presidente Jair Bolsonaro, em rota de colisão com a cúpula de seu partido. Com Maia, quem também tende a se fortalecer é o chamado Centrão, grupo informal de partidos encabeçado por deputados de PP, DEM, PR, PRB, MDB e Solidariedade.

Para o cientista político Creomar de Souza, professor da Faculdade Mackenzie em Brasília, o rompimento entre Bolsonaro e uma ala do PSL reduz a cerca de 30 deputados o total de votos com os quais ele poderá contar, de fato, para aprovar suas propostas. Esse é o número de parlamentares que deve acompanhar o presidente caso ele decida mudar de legenda. Com os demais, ele terá de negociar voto a voto, a exemplo do que acontece hoje com as demais bancadas.

“O Congresso tende a ficar mais forte. A Câmara está pacificada pela liderança do Rodrigo Maia. O Senado ainda está definindo para onde vai. No Senado é mais difícil de avaliar, porque há um descontentamento com a liderança do [Davi] Alcolumbre”, disse o professor ao Congresso em Foco. Alcolumbre enfrenta a resistência de senadores que apoiaram sua eleição e se sentem frustrados com sua aproximação com forças que derrotou, como o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e a ala mais fisiológica do MDB.

Brigado com seu próprio partido ou fora dele, Bolsonaro deverá ficar ainda mais refém do Congresso, na avaliação de Creomar. “Tudo dependerá de como ele vai fazer o diálogo interinstitucional. Hoje ele tem um partido com o qual não consegue dialogar, porque o PSL está mais preocupado em dar certo do que o governo dê certo”, acredita.

Os desdobramentos da relação do governo com o Congresso, segundo o cientista político, vão depender do comportamento de Bolsonaro.

“Vejo hoje três cenários: 1 - tudo melhora, o governo aprende a ser governo, estabelece diálogo com o Brasil, monta algum tipo de base e avança; 2 - vamos até o fim do governo do jeito que está, votando no varejo, ou seja, fazendo arranjo e votando; ou 3 - há uma degradação do processo do jogo, isto é, a Presidência vai ficando cada vez mais fraca e o Congresso vai tocando o que acha mais importante”, afirma o professor, fundador da Consultoria Dharma.

Bolsonaro e seus líderes no Congresso reforçam sempre que o governo optou por não ter uma base formalizada, por acreditarem que isso é sinônimo do velho “toma lá dá cá”. Para o advogado e mestre em ciência política Marcelo Issa, coordenador da Transparência Partidária, esse modus operandi reforça o protagonismo do Legislativo. "É uma opção do presidente de munir a sua interferência no poder Legislativo, com essa nova dinâmica o resultado é o ganho de protagonismo do Legislativo", analisa Issa.

Comentários