Fabiano Gomes clama por justiça e escreve carta de despedida para o 'amigo-irmão' assassinado, em Cajazeiras

As palavras ainda não conseguem traduzir a enormidade da dor que sua partida deixou, Jardênio. Você se foi rápido demais, de um jeito tão cruel que amplifica a tristeza já inerente à morte. Parece inacreditável que alguém tão cheio de vida, tão vibrante e altivo, possa ter partido. Sua forma única de ver o mundo, com humor, esperança e um otimismo desmedido, me faz acreditar que, a qualquer instante, você vai aparecer, rindo, dizendo que tudo isso não passou de uma brincadeira sua.

Enquanto essa ilusão persiste, o eco do choro de sua mãe nos atormenta. Sua dor é uma ferida aberta em todos nós. Você era o filho único que ela tanto desejou, e sua ausência jamais será preenchida. Ao lado dela, seu pai, sua filha, sua esposa e todos nós, amigos e irmãos de coração, clamamos por justiça. Como aceitar tanta crueldade? Por que tamanha brutalidade? Você foi espancado, brutalmente, em praça pública, assim como Jesus, e os que cometeram esse ato desumano precisam ser responsabilizados, julgados e punidos com todo o rigor da lei.

Desde o instante em que recebi a notícia da sua morte, uma tempestade de emoções tomou conta de mim. É impossível não reviver os momentos que compartilhamos, desde a infância até a fase adulta. Um filme de uma vida inteira passa pela minha mente, e a dor de não poder envelhecer ao seu lado, compartilhando sua amizade sincera, suas brincadeiras e seus exageros, me dilacera. Dentro de mim, ninguém pode matar você, Jardênio. Seu riso, sua alegria, sua presença são eternos no meu coração.

É com essa lembrança viva que eu clamo por Justiça. Sei que nenhuma pena, por mais severa que seja, poderá trazer você de volta. Mas isso não anula a necessidade de responsabilizar os culpados por esse ato vil e desumano. Você lutou pela sua vida até o último instante, agonizou nos braços da sua mãe, pedindo por socorro, ali, no chão frio e cruel de uma rua movimentada de Cajazeiras, em plena sábado , dia 30 de novembro de 2024. Era por volta das 21h, e aqueles que deveriam ajudar apenas assistiram, inertes, à sua dor. Minha alma grita ao imaginar sua agonia e a impotência de sua mãe, vendo o filho que tanto amava sucumbir diante dela.

Você partiu no mesmo lugar onde vivemos nossa infância, nossa juventude, em frente à Igreja de São João Bosco, que por tantos anos foi nosso refúgio espiritual. Assim como São João Bosco enfrentou a violência e o sofrimento desde cedo, você conheceu uma morte cruel naquele espaço sagrado. Mas é nessa proximidade com o divino que eu encontro consolo. Sei que você está no Reino do Pai Celestial, abraçado pela misericórdia infinita de Deus.

Jardênio, você era manso, inocente, de coração puro. Esse mundo tão desumano não era para você, e, embora minha dor seja imensa, encontro conforto em saber que agora você é um anjo no Céu, intercedendo por nós. Perdi um irmão, mas ganhei um guardião celestial. Sua presença está viva em mim, em cada memória, em cada riso que compartilhamos. E essa luz que você carrega jamais será apagada.

Que seu sangue derramado clame por justiça, para que sua família e amigos possam encontrar um mínimo de paz. Amigo, você é e sempre será luz na minha vida. A sua morte física não apaga o que vivemos, nem enfraquece o laço eterno que criamos.

Até breve, meu irmão. Cuida de mim aí no Céu

Entenda

O empresário e advogado Jardenio Gomes, de 38 anos, morreu na noite desta sexta-feira (29), no Centro de Cajazeiras. Uma testemunha relatou ter visto o empresário correndo de uma briga. Mas a polícia ainda está apurando a veracidade dos relatos.

Jardenio foi visto caindo ao lado de um quiosque às margens da Avenida Engenheiro Carlos Pires de Sá, próximo à Igreja São João Bosco, no Centro de Cajazeiras Imediatamente, o SAMU foi acionado e constatou o óbito

Fabiano Gomes disse ao Resenha Politika que o laudo médico emitido pelo IPC - Instituto de Perícia Científica, constatou diversos hematomas na cabeça, tórax e abdômen, o que leva a crer que a vítima foi espancada e morreu em virtude das hemorragias internas. 

Segundo Fabiano Gomes, a mãe de Jardenio disse que ela ficou agonizando por mais de dez minutos. “Ela chegou a dizer que ainda conversou com ele, mas em seguida veio a óbito. Depois chegou o Samu e constatou”, explicou.