• 17/07/2022
  • por Resenha Politika

Saúde

Cientistas usam leite humano para tratar Covid prolongada em paciente com imunodeficiência grave

Cientistas usam leite humano para tratar Covid prolongada em paciente com imunodeficiência grave

 

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recorreram a um método nada convencional para tratar a Covid-19 em uma paciente com uma doença genética rara que torna seu sistema imune incapaz de combater vírus e outros patógenos. Durante uma semana, ela foi orientada a ingerir 30 mililitros de leite materno – de uma doadora vacinada contra o SARS-CoV-2 – a cada três horas. Após esse período, o resultado do teste de RT-PCR – que há mais de 120 dias vinha indicando a presença do RNA viral – finalmente veio negativo.                                   “Tenho acompanhado essa paciente desde criança e quando ela me contou que estava com Covid-19 eu fiquei muito apreensiva. O erro inato da imunidade que ela apresenta deixa seu sistema de defesa todo desregulado. Sua resposta inflamatória é deficitária, há poucas células se mobilizando para o local da inflamação e baixa produção de anticorpos. As características de virulência dos agentes infeciosos podem levar a dois desfechos nesses casos: infecção crônica ou morte”, conta a pediatra Maria Marluce dos Santos Vilela, professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-Unicamp) e autora principal do artigo.

A pesquisadora explica que o sistema imune humano e dos demais mamíferos produz normalmente cinco tipos de anticorpos: as imunoglobulinas IgM, IgG, IgA, IgE e IgD. Portadores dessa doença – conhecida como síndrome de imunodesregulação – geralmente têm pouco IgE e, em alguns casos, ausência completa de IgA, o principal anticorpo neutralizante de vírus e outros patógenos, que costuma estar presente no leite materno, nas secreções respiratórias e gastrintestinais. 

Além disso, há uma produção muito baixa de IgG, normalmente o anticorpo mais abundante no sangue e responsável por reconhecer e neutralizar antígenos com os quais o organismo já teve contato prévio. Há apenas 157 casos do tipo descritos no mundo, caracterizados em estudo publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology, do qual Vilela é coautora.

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