• 18/08/2021
  • por Resenha Politika

Saúde

COVID-19: mitos e verdades sobre a doença após 1 ano e meio da pandemia

COVID-19: mitos e verdades sobre a doença após 1 ano e meio da pandemia

O médico infectologista do HUJB-UFCG/Ebserh, Dr. Ramiro Moreira Tavares, em entrevista ao Núcleo de Comunicação do HUJB, solucionou dúvidas sobre o Coronavírus, sintomas, sequelas, tratamento pós-Covid e falou sobre o ambulatório de doenças infectocontagiosas que existe há mais de 2 anos na unidade.

1. O paciente que contrai o Coronavírus geralmente tem sequelas a ser tratadas. Quais são essas sequelas e quais os tratamentos?

A Covid-19 é uma doença inflamatória sistêmica, normalmente o indivíduo pode ter comprometimentos em vários órgãos e sistemas, de acordo com o contexto da condição. Complicações pós-Covid na verdade são raras, não são comuns. Em todo o caso, alguns pacientes podem apresentar quadros de fadiga crônica, dor persistente, alteração de comportamento, ansiedade, dentre outros. Precisamos se ater a complexidade de cada caso e definir a intervenção específica.

2.O HUJB/UFCG-Ebserh realiza o tratamento pós-Covid 19? Como é feito?

A síndrome pós-Covid é uma condição multifatorial, na verdade, ela precisa de acompanhamento não de um profissional específico e sim de uma equipe multiprofissional dependendo da necessidade de cada paciente. São condições muito individuais. A Infectologia é apenas a porta de entrada para o retorno ou por causa de uma infecção, deve-se orientar a linha de cuidado adequada de acordo com a necessidade individual do paciente.

3. Por que existem tantas ondas e variantes do Coronavírus?

Assim como todos os outros vírus, o SARS-CoV2 (Coronavírus) é constituído de material genético. De acordo com a pressão seletiva, situações que o indivíduo se expõe como medicações, exposições interpessoais ou a fatores ambientais  podem alterar o material genético.

O nosso corpo tem vias de controle contra estes agentes, a imunidade celular e humoral  tende a eliminar a presença desse vírus no organismo,  no entanto, este pode se adaptar a essas múltiplas agressões por parte do hospedeiro e, por conseguinte, desenvolver mutações ou variantes.

Essas variantes acontecem como uma manobra adaptativa do vírus. O vírus é uma partícula acelular (não tem célula), mas tem material genético adaptável para tentar parasitar o máximo de células possíveis, já que ele precisa estar dentro da célula para se replicar.

A maioria dessas variantes não tem impacto nenhum em relação ao vírus, infectividade ou mortalidade dos indivíduos que contraem. O vírus muda e se destrói. Porém, algumas vezes pode ter implicações clínicas e de internações como a P1 que ocorreu em Manaus e a delta.

4. Quando se deve procurar o hospital ou ir ao médico? Apenas quando apresenta sintomas graves da Covid-19?

Quando se tem diagnóstico confirmado por suspeição diagnóstica e diagnóstico confirmado. A procura por especialistas e de intervenção médica acontecem depois da avaliação individualizada. A internação se dá a partir de avaliação médica, não necessariamente especializada quando o indivíduos tem sinais de gravidades.

Dependendo da demanda, o acompanhamento multiprofissional é essencial para a melhora do estado do paciente e a Infectologia é uma das especialidades que vai cuidar do indivíduo, da sua conduta e determinar os melhores caminhos para a sua resolutividade.

5. Quais os cuidados que todos devem ter, inclusive os que já contraíram e foram curados da Covid-19?

 A Covid-19 é uma doença que se transmite através de contato com secreções (vias áreas: tossir, espirrar, falar, respirar) ou pelo contato com superfícies e camadas contaminadas. O uso de máscaras é fundamental contra a perpetuação da transmissão desse agente. Nos protegemos e protegemos o outro! É um comprometimento social. Além da máscara, precisamos ter higienização das mãos quando se tem contato com superfícies, maçanetas, trincos de porta, canetas de uso coletivo e qualquer superfície pública até antes de entrar em nossas casas.

A vacinação é fundamental, mas ela exclusivamente não é capaz de impedir a transmissão de pessoa a pessoa. A manutenção das medidas de isolamento social, a utilização de máscaras e higienização das mãos para que possamos controlar a pandemia e voltar a nossa vida normal antes desse episódio.

6. Nas pesquisas e leituras que o senhor realiza atualmente, existe alguma possibilidade de detectar quais são os pacientes mais propensos a adquirir a Covid-19, os que não vão contrair ou os que vão contrair e vão desenvolver estados graves e morrer?

Todo indivíduo que respira e fala é um indivíduo que pode contrair a Covid-19. Existem alguns fatores de riscos que levam esses indivíduos a pensar que eles podem evoluir mais gravemente como: idosos, obesos, diabéticos, em vulnerabilidade social, quem passou por cirurgia há 45 dias ou menos, imunodepressivos, pacientes oncológicos, asmáticos, pneumopatas crônicos, aqueles que têm fibrose pulmonar, todos que precisam olhar com um pouco mais de cuidado.  Levando em consideração já que eles podem ter doença pulmonar mais grave, sequelas mais intensas e limitações funcionais mais importantes.

7. Fale um pouco sobre o ambulatório que funciona no HUJB-UFCG/Ebserh para tratar diversas doenças.

O serviço de ambulatório existe no HUJB há mais de 2 anos (desde 2019) e é encabeçado por mim (Dr. Ramiro), atendendo as mais diversas situações complexas como: HIV/Aids, hepatites virais, tuberculose, hanseníase, patologias graves, demandas clínicas em geral, diagnósticos diferenciais, enfim, uma infinidade de condições. Está disponível para a população em geral que vem da rede, encaminhado para as especialidades do HUJB, com exames e diagnóstico confirmado, para assim puder tratar e dar uma qualidade de vida melhor a esses pacientes.

O Hospital Universitário Júlio Bandeira de Mello atende diversas especialidades médicas como: Infectologia, Cardiologia, Ginecologia e Obstetrícia, Fisioterapia, Pediatria, Cirurgia Geral, entre outras, e também conta com atendimento dos pacientes pós-Covid, objetivando tratar eventuais sequelas, conforme perfil assistencial da unidade. Para o tratamento, os pacientes são encaminhados através do Núcleo Interno de Regulação do Hospital Regional de Cajazeiras e da Unidade de Saúde da Família de referência do município.

O HUJB-UFCG/Ebserh fica localizado na Avenida José Rodrigues Alves, 305, bairro Edmilson Cavalcante, Cajazeiras-Paraíba, atendendo Cajazeiras e toda região.

Sobre a Rede Ebserh 

O HUJB-UFCG faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. 

Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, a os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.

Elthon Ribeiro – Jornalista HUJB-UFCG/Ebserh

 

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