• 08/09/2021
  • por Resenha Politika

Covid-19

Imunização massiva previne aparecimento de variantes, diz pesquisador da UnB

Imunização massiva previne aparecimento de variantes, diz pesquisador da UnB

Quase dois anos após a chegada da covid-19 ao país, o novo coronavírus se tornou mais conhecido pela população e pelos pesquisadores. No entanto, o combate à doença encontra obstáculos que envolvem negacionismo, desinformação e falta de políticas públicas nacionais consonantes com as dos entes federativos. Enquanto isso, a vacinação com duas doses esbarra em questões logísticas, e a testagem massiva — medida importante para acompanhar a evolução da pandemia — não ocorre da maneira como deveria.

Em entrevista ao Correio, o virologista Bergmann Morais Ribeiro fala sobre como a falta dessas políticas prejudica o combate à covid-19, da mesma forma que a ausência de uma conscientização coletiva. O pesquisador reforça que, ao mesmo tempo em que o poder público precisa conseguir vacinas, de modo a atender a maior parcela da população e evitar o surgimento de variantes, as pessoas devem respeitar as medidas de segurança sanitárias. “Foi comprovado que as vacinas realmente funcionam, como mostrado em vários países, e que elas diminuem as taxas de infecção. (…) Estamos aprendendo com o vírus, pois o conhecemos há apenas dois anos. Então, não podemos relaxar quanto aos cuidados até que o número de mortes e infecções diminua”, pontua.

Porque o novo coronavírus continua em mutação?
Mutação é algo inerente aos vírus. Todos eles passam por isso quando se reproduzem nas células. Alguns acumulam variações mais lentamente do que outros, mas elas mudam com o tempo. Isso também ocorre com outros seres vivos, mas bem mais devagar. O ser humano leva anos para se reproduzir, e os vírus produzem milhões de descendentes em uma única infecção, em um único hospedeiro, em poucas horas. Nós produzimos descendentes a cada 20 anos, e o vírus, milhões em um dia. Quando os produz, ele insere mutações. As que aumentam a capacidade de espalhamento da infecção viral geralmente são fixadas no genoma do vírus. As que são deletadas, que fazem mal ao vírus, desaparecem. Isso aconteceu com as variantes que circulam atualmente: as cepas delta e P1 (gama) têm mutações que favoreceram o espalhamento delas.

Qual a importância de tomar a segunda dose da vacina?
Para evitar que esses vírus se reproduzam, quanto mais pessoas vacinadas, menor a chance de espalhamento da infecção. Apesar de as pessoas vacinadas poderem se infectar, a probabilidade de reprodução (do vírus) é bem menor e, como a pessoa tem uma proteção, ela vai conseguir eliminar a infecção rapidamente. A imunização também evita o aparecimento de variantes, e as chances de uma pessoa ter um quadro grave e ir para o hospital são bem menores.

Existe a possibilidade de uma nova onda no Brasil e no DF, como ocorre em outros países?
Sim, com certeza. Ainda não conseguimos vacinar com a segunda dose a maior parte da população. Estamos abaixo dos 30% ou 40% (de brasileiros imunizados), e isso torna as pessoas mais suscetíveis ao vírus, principalmente a essas variantes mais transmissíveis. Se ela começar a se espalhar rapidamente entre quem não foi vacinado ou não tomou a segunda dose, pode haver uma nova onda da infecção. Por isso, devemos tomar cuidado, sair de máscara, manter o distanciamento e não relaxar (com as medidas não farmacológicas).

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