• 06/02/2023
  • por Resenha Politika

Saúde

Medida que garante pagamento do Piso deve ser publicada até março

Medida que garante pagamento do Piso deve ser publicada até março

Uma minuta da medida provisória (MP) que vai regulamentar a fonte de pagamento do Piso Nacional da Enfermagem está em avaliação pela ministra da Saúde, Nísia Trindade. O texto foi concluído na quinta-feira (2/02) e também está sendo avaliado pela Casa Civil. Com isso, a expectativa das entidades que fazem parte de um grupo de trabalho que estuda a proposta técnica para levar a estados, municípios e entidades filantrópicas é de aprovação ainda neste mês e assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar em vigor. A expectativa é de publicação da MP até o final de fevereiro ou início de março.

A publicação da MP — que precisará ser aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado em até 60 dias após a publicação para não perder validade — é o último passo para suspender decisão do ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que bloqueou o pagamento imediato. A partir do momento em que a liminar for suspensa, o piso terá de ser pago.

No fim de dezembro, o Congresso Nacional promulgou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Enfermagem, que direciona recursos para o pagamento do piso salarial para a categoria.

O texto define que o salário mínimo para a categoria será custeado pelo superávit financeiro de fundos públicos e do Fundo Social. Os recursos serão utilizados para pagar os novos vencimentos no setor público, nas entidades filantrópicas e de prestadores de serviço que tenham um mínimo de 60% de atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

A aprovação da PEC foi uma reação do congresso à decisão do supremo de suspender o pagamento do piso. A corte deu prazo de 60 dias para que entes públicos e privados da área da saúde pudessem esclarecer o impacto financeiro, os riscos para a empregabilidade no setor e a eventual redução na qualidade dos serviços, além de propor alguma solução.

Conforme o porta-voz do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), conselheiro Daniel Menezes, o pagamento do piso deve se tornar uma realidade em breve. “A gente tem essa expectativa de que a MP seja concluída ao longo de fevereiro e início. A nossa convicção é que o piso será pago. A conquista da Enfermagem é histórica. Aprovamos uma lei e uma PEC, colocando o piso como garantia na constituição federal, e a terceira grande conquista é o fundo, que traz uma fonte permanente de recursos.”

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) lançou nota na qual lamenta que as prefeituras não tenham sido incluídas nos debates sobre o financiamento do piso salarial, considerando que são os entes mais impactados pela medida. Estimativas da entidade apontam que os municípios são responsáveis pela vinculação de 42% desses profissionais. A projeção é de um impacto financeiro de R$ 10,5 bilhões para as prefeituras somente em 2023.

O deputado federal Mauro Benevides (PDT-CE), que faz parte do grupo de trabalho no Ministério da Saúde, ressalta que as prefeituras terão tempo para incluir o custo na folha de pagamento. A emenda prevê remanejamento dos recursos durante os próximos 10 anos. “Não haverá impacto nenhum na folha de pagamento, somente daqui a 11 anos. Estabelecida a regulamentação, o congresso poderá fazer algum aprimoramento eventual à MP”, explica Benevides.

De acordo com Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos em Saúde (CNSaúde), que moveu a ação direta de inconstitucionalidade para barrar o pagamento do piso, a emenda constitucional promulgada pelo Congresso ainda é insuficiente para resolver o problema. A entidade diz que há grave risco de demissões e descontinuidade de serviços, com a obrigatoriedade do piso. “Sabemos que medida provisória só se presta a matérias de urgência, conforme prevê a Constituição, e piso salarial certamente não se encaixa nessa hipótese”, ressalta o diretor jurídico da CNSaúde, Marcos Vinícius Otoni.

A entidade considera fundamental, para que o piso seja efetivado de forma sustentável, a aprovação do projeto de lei que prevê a desoneração da folha de pagamento. O texto pode entrar na pauta do congresso ainda no primeiro semestre de 2023.

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